Essa primeira entrada
fiz pela cidade de Cavalcante, entrei de carona com um carro da prefeitura que
foi realizar um serviço em uma região um pouco antes.
Quando falei com eles
onde desejava chegar caminhando logicamente eles me acharam louco, e descobri
que havia levado pouca comida. Era uma viagem de pesquisa, começou em uma
segunda-feira, esperava percorrer a
distância entre Cavalcante e o rio Paranã no máximo até sábado. Foi essa
orientação que dei a Simone debruçado sobre o mapa e fazendo os cálculos de
acordo com a escala conseguida na régua. Disse: “Se não chegar em casa até o
sábado, envie os demais missionários atrás de mim por esse caminho, que devo
estar nessa região”.
Entrei com essa
equipe na segunda a tarde, e na manhã de terça-feira, penalizados com o caminho
que teria ainda pela frente, ofereceram uma carona por mais de uma hora de
carro. Estrada de terra. Mas, mesmo assim avancei bastante em meu caminho.
Nesse dia caminhei
das 08:00 às 12:00 quando avistei a primeira casa quilombola. Até as 17:00 hs,
recordo-me que encontrei somente mais duas casas em minha caminhada. A terceira
casa que encontrei, foi a que escolhi para esticar a rede.
Havia alguns quilombolas assentados numa roda, quando me aproximei, e me apresentei. Disse de onde vinha. Mostrei fotos dos quilombolas da região do tinguizal com os quais já me relacionava há algum tempo. O evangelho já estava implantado no tinguizal há algum tempo, por isso tive a necessidade de entrar mais no quilombo. O tinguizal e os demais pontos do quilombo que já contavam com presença missionária, estavam a no máximo um dia de caminhada de uma entrada do quilombo. Nosso pensamento é que todo e qualquer quilombola que saísse do quilombo teria que passar por uma dessas entradas e poderia em algum momento ter contato com o evangelho, o único problema em nosso plano é que os quilombolas que estavam mais no interior só saíam de lá quando estavam quase morrendo, os seja, só saíam muito raramente. Então comecei a orar por esses mapas já com anseio de chegar ao centro do quilombo. Outro dia conto essa história.
Mas voltando a roda
quilombola, uma das curiosidades era se eu sabia para que lado estava a cidade.
Puxei o mapa, peguei a bussola, olhei o sol, os pontos de referencia e apontei
o lado da cidade. Ficaram surpresos por eu ter acertado. Conversamos e depois
que disse para onde ia, um deles se ofereceu para no próximo dia me servir de
guia e ainda me servir com um burro.
Esse guia me foi
útil, pois ao fazer-me chegar ao meu destino, fez-me também descobrir como
chegar ao local chamado Maiadinha com apenas três dia de caminhada.
A
Maiadinha não é exatamente o centro do quilombo, está a mais de 100 km da
cidade de Cavalcante, que é a cidade que tem estrada para lá. Talvez o seja a
Capela, que é tão somente um local de festejos. Mas, a Maiadinha sim é um local
bastante populoso, pelo mapeamento da antiga Sucam, lá existem 32 casas, eu, em
minhas diversas investidas, avistei 19 casas, das quais 05 são visitadas com
periodicidade. A entrada como é feita a pé, é feito pelo Paranã, passando pelo
Vão de Alma, Riachão, atravessando o rio em Preto e no terceiro dia chegando a
Maiadinha.
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