Imaginei que passaria a escrever da ilha. No aeroporto o pastor perguntou como nos comunicaríamos. Em tom de gracejo o missionário respondeu: “que tal sinal de fumaça”.
Sorriram, se abraçaram, tiraram fotos. O missionário entrou no corredor de embarque com a certeza no coração de ambos de que não há barreiras a oração.
Contudo a barreira da falta de comunicação e o anseio da igreja por ela (comunicação) têm causado grandes danos à obra missionária. São tantos os rincões que é simplesmente impossível ao missionário se comunicar com a brevidade esperada, que gera na igreja uma sensação de desprezo e esquecimento, tal sensação não é quebrada por uma carta ou um breve telefonema a cada três meses já que não satisfaz o ímpeto por novidade.
Essa comunicação espaçada causa em período curto de tempo a ruptura no compromisso financeiro e quiçá em oração daqueles que falaram ao choro e com imposição de mãos: “Estamos indo com você. Está missão também é nossa”, e coisas do gênero.
Obviamente o fato de estar em uma aldeia indígena, ou em uma ilha, ou em algum rincão em qualquer lugar sem as facilidades da cidade grande, não serve de atenuante ao missionário, a igreja é alimentada por novidades, milagres e conversões, e que sejam breves. Esses fatos são que garante as orações e as remessas financeiras. Ao menos é assim que agem muitas das igrejas iniciantes em missões. Precisam de constantes estímulos para manter o compromisso firmado. Ruim, é quando essa pressão por correspondência parte das agencias missionárias. Solicitando minuciosos relatórios com números de visitas, pregações, conversas de cunho evangelístico, treinamentos, convertidos, etc., etc. E pra que tudo isso, para que ela própria, agencia missionária, tenha suas estáticas e possa manter seu sustento por esses números apresentados.
Caso o missionário seja louco e apaixonado por pregar o evangelho, (E, eu espero que o seja), seu melhor equipamento não será o conhecimento bíblico e um bom relacionamento com o povo alvo que o permita ser escutado, seu melhor equipamento será uma boa maquina fotográfica, um notebook, e a capacidade de se comunicar com as estáticas que comovam a igreja e mantenham o fluxo de remessas financeiras e quiçá de oração.
Em suma, a evangelização dos povos são números e não amor. Essa história de que uma “alma” não tem preço, é marketing de cartão de crédito.
Natanael Dias