é serra para todo lugar que você olhar
E, por trás das serras
tem gente em algum lugar.
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O povo kalunga está em Goiás há cerca de 250 anos, próximo a 375 km de Brasília, ocupando uma vasta área nos municípios de Cavalcante, Terezina de Goiás e Monte Alegre de Goiás (Antigo Morro do Chapéu).
Supõe-se que eram de Angola e do Congo. O termo kalunga, oriundo das línguas umbandu, kimbandu e kikongo, faladas na região central e sul da África, designam lugar de morte.
Em 1722 – quando Bartolomeu Bueno, o Anhangüera, e João da Silva Ortiz fecharam o ciclo bandeirante, com a ocupação das terras centrais – surgiu o Estado de Goiás, em pleno ciclo do ouro e da garimpagem.
Utilizados como mão-de-obra escrava, os negros andavam cansados da submissão e dos castigos sofridos na exploração das “Minas dos Goyazes”. Muitos fugiram, escondendo-se na mata, refugiaram-se ao longo do rio Paranã em serras de difícil acesso. Formando assim o povo Kalunga.
Em 1982 com a chegada de pesquisadores à área ocupada os kalungas passaram a existir oficialmente para o governo goiano. Estavam tão isolados que cultivam tradições africanas e europeias, como a coroação do imperador, os tambores feitos de troncos e o latim das rezas. Três anos depois, para evitar a extinção do grupo, foi aprovada uma lei que doava as terras da serra aos kalungas, das quais somente 30% são produtivas.
Isolados por trás das serras, há pontos do antigo quilombo que só se atingem após três dias de cavalo. As casas são feitas de tijolos moldados a mão (adobe) e cobertas de folhas de buriti, uma das palmeiras da região. O povo kalunga dedica-se à plantação de mandioca, arroz, milho e, às vezes, feijão. Criam gado, pratica a caça e a pesca, e a extração de cristal. Mas a fabricação de farinha – que envolve toda a família – é a atividade produtiva mais importante, base principal do seu sustento.
As tradições “ditas” culturais. O difícil acesso às regiões. o alto índice de analfabetismo que alcança a 90% da população quilombola, formam os principais obstáculos a propagação do evangelho.
O povo kalunga sofre com o martírio do isolamento por mais de 200 anos. O isolamento lhes impossibilitou a obterem o conhecimento do plano da salvação eterna através de Jesus Cristo. Somos chamados a sermos os pés e a voz de Cristo na região kalunga. Mas, “como pregarão, se não forem enviados?”.